Mulheres entram no negócio da conservação e biodiversidade no Ibo
É uma realidade
rara de se presenciar e viver num distrito considerado recôndito de Moçambique.
Nestas zonas, a prática diária que se tornou comum é a maior participação e
quase monopolização das actividades de geração de renda pelos homens, relegando
as mulheres para as actividades domésticas, histórico e tradicionalmente
consideradas de mulheres.
Mas o cenário que
se vive no distrito do Ibo é completamente diferente. Com o impulso e apoio da
Associação do Meio Ambiente de Cabo Delgado (AMA), que conta com o
financiamento do WWF, as mulheres deste distrito praticam várias actividades de
geração de rendimento ligadas à conservação da biodiversidade, lado-a-lado com
os homens, e muitas vezes sozinhas.
Na vila sede do
distrito, as mulheres, organizadas em grupos designados PCRs (Programa de
Crédito Rotativo) fazem poupança do seu dinheiro, frequentemente proveniente de
pequenos negócios como a venda de produtos alimentícios, cigarros e outros.
Esta técnica de poupança comunitária permite aos membros acumularem, de forma
contínua e regular (normalmente uma vez por semana), dinheiro que
posteriormente é investido em outras áreas de negócio e para a melhoria das
suas condições de vida e das suas famílias. Neste momento, a vila sede do
distrito possui dois grupos, o primeiro foi criado em 2009, designado Não
há saída, e actualmente tem 17 membros. O segundo foi criado em 2010,
chamado Primeira Sorte, que segundo os seus membros, a sua criação
foi inspirada pelo primeiro, tendo presentemente 20 membros.
Na outra ilha do
distrito, em Quirimba, estão as mulheres que dedicam o seu dia-a-dia à
conservação dos recursos naturais marinhos, através da sua participação activa
e um trabalho árduo no CCP (Conselho Comunitário de Pesca) local. Estas
explicam que para elas o facto de serem mulheres não lhes impede de fazer os
trabalhos duros e importantes que os homens fazem, até porque estes também as
incentivam muito. “Nós fazemos fiscalização e capturamos material ilegal de
homens pescadores e participamos nas várias outras actividades, com os nossos
companheiros do CCP sem nenhuma diferença e sem nenhuma reclamação. Somos todos
iguais e não nos sentimos diferentes porque todos contribuímos para a protecção
dos nossos recursos”, afirmou Rabia Abdala, uma das integrantes do CCP de
Quirimba.
Graças ao maior
empenho, não só das mulheres, como de todos os membros do CCP, a Ilha de
Quirimba é tida como o melhor exemplo de gestão comunitária dos recuros
naturais em todo o distrito e na província de Cabo Delgado. Com a sua disciplina
e organização, estes afirmam que desde a sua criação houve grande redução das
actividades ilegais na sua comunidade, com destaque para o uso de redes
inapropriadas para a pesca, a pesca de espécies protegidas e proibidas como a
tartaruga marinha e a destruição dos corais de peixe. Neste momento a
comunidade faz a multiplicação e replantio de mangal ao longo da costa, como
medida para acabar com um dos maiores problemas que os apoquenta neste momento,
a erosão costeira, no entanto, eles enfrentam outros desafios tais como a
destruição das plantas do mangal pelos cabritos e pelas algas. Este facto fez
com que a comunidade apostasse na vedação dos locais de replantio de mangal, o
que já traz resultados positivos, dado que desde a sua implementação as novas
plantações continuam firmes.
“COM A FRELIMO E
NYUSI UNIDOS, MOÇAMBIQUE AVANÇA”
Fonte:wwf
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