África discute como se alimentar face às mudanças climáticas



Os ministros da Agricultura da África, reuniram-se segunda-feira ontem em Marrocos, para discutir o desafio de produzir o suficiente para alimentar o continente, onde as mudanças climáticas causam prejuízos, enquanto preservam o meio ambiente.

O tempo urge. Está previsto que o rendimento agrícola caia 20% em África até 2050 devido à degradação do solo e à desertificação causadas por inundações e secas e, paralelamente, a população dobrará, segundo os especialistas. “O continente é vítima de repetidas crises climáticas”, declarou à AFP Seyni Nafo, embaixador dos países africanos nas conferências internacionais sobre o clima. Há exemplos recentes.

Desde a semana passada, uma parte da República Centro-Africana está inundada, e no sul do continente a seca ameaça de fome 45 milhões de pessoas, informou semana passada a agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

“Seis dos dez países mais vulneráveis ao clima estão em África, que possui dois terços das terras cultiváveis do mundo”, disse Nafo, também secretário-geral da Fundação AAA (Adaptation of African Agriculture to climate change), organizadora desta reunião, na Universidade de Benguerir, em Marrocos.

O aumento da produção agrícola e alimentar é ainda mais crucial porque a fome conduz a deslocamentos de população, violência e agitações políticas. Nafo cita o caso do Sudão, onde as primeiras manifestações em finais de 2018 se deveram a uma multiplicação por três do preço do pão, e à “escassez de farinha”.

Na África Subsahariana, os primeiros êxodos maciços de tuaregues do norte do Mali ocorreram depois de grandes secas e de uma degradação dos recursos naturais nos anos 1970, lembra.

Na reunião de Marrocos, os debates, nos quais participaram doadores internacionais, cientistas e organizações não-governamentais, se concentraram em quatro temas principais: a gestão do solo; a gestão dos recursos hídricos, em particular como generalizar a rega por gotejamento para poupar água e melhorar o rendimento, inclusive nas machambas familiares muito pequena, mais vulneráveis à mudança climática; a gestão do risco climático através de sistemas de alerta digitais, tanto para a produção, como para a colheita e a comercialização; e o acesso ao financiamento dos agricultores, em particular através do “banco móvel” (que permite transações de modo remoto com dispositivos móveis) e dos Estados através da possível emissão de bónus verdes para financiar investimentos sustentáveis.

Fonte: Jornal Notícias

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