Ibo é uma página rica da história de Moçambique


A ilha do Ibo tem candura humana, que se expressa no rosto das suas gentes. Ibo edifica-se no olhar das pessoas, mesmo quando esses rostos denunciam um quotidiano adverso. Para entender melhor este pedaço de terra, tem que perscrutar a retina dos seus habitantes. É no seu olhar que se encontra a descrição pormenorizada do que Ibo foi, é e será. A ilha é requisitada- por nacionais ou estrangeiros- numa permanente demanda, em busca da felicidade. Primeira capital da província de Cabo Delgado, o nome Ibo pronuncia-se com gáudio, com regozijo, com júbilo.

Ibo resgatou, ao longo dos anos, a possibilidade de ser o repositório indispensável de uma parte da rica história de Moçambique. A ilha sobreviveu a séculos de profundíssimas transformações. As suas ruínas espelham as épocas e as vivências nela permitidas. 

As suas ruínas são de uma coreografia que nos revela a secular história de piratas, comércio de marfim, especiarias vindas da Ásia. Há três fortificações, uma bonita igreja católica muito antiga e numerosos edifícios antigos e entrepostos comerciais fazem guarda sobre as águas.


Uma história fascinante com laivos de segredos e de uma cultura muito rica está presente nos habitantes e nas ruínas, algumas que datam de 1500. As gentes desta ilha de corais são fabulosas, afáveis e muito hospitaleiras. 


A ilha tem 10 km de comprimento por cinco de largura e está quase totalmente urbanizada, localizando-se aí a vila do Ibo, sede do distrito do mesmo nome. Encontra-se dentro do Parque Nacional das Quirimbas

Relatos históricos revelam que durante 500 anos a Ilha do Ibo foi um porto de comércio próspero ocupando uma posição estratégica na costa Oriental africana. Hoje, as suas gentes vivem basicamente da pesca artesanal. O turismo ainda é precoce e é dominado por operadores estrangeiros.


O Fortim de São José do Ibo foi a primeira fortificação e é datada de 1760, localiza-se na enseada da ilha. Ele apresenta uma planta aproximadamente rectangular, contendo, no seu interior as edificações para quartel de tropa e armazém. Os cunhais voltados ao mar são encimados por vigias e estava artilhado com sete peças de ferro, de pequeno calibre. Foi restaurado em 1945 pela Comissão dos Monumentos e Relíquias Históricas de Moçambique, demolindo-se as construções que tinham sido levantadas em 1899-1900 e que a descaracterizavam.


A Fortaleza de São João Batista do Ibo está junta do mar, com uma planta no formato poligonal estrelado. A sua construção data de 1781, conforme rezam duas inscrições epigráficas, uma sobre o Portão de Armas e outra no cunhal da entrada, com traça de António José Teixeira Tigre. Houve obras de restauro em 1963. Pelo seu porte, traçado e técnica construtiva, é considerada a segunda fortificação de Moçambique.

Há relatos de que o Fortim de Santo António era a última peça defensiva do porto do Ibo. Sobre o seu Portão de Armas uma inscrição epigráfica assinala a sua conclusão em 1847. Assenta sobre a rocha de coral, com planta quadrangular, com as dimensões de 16,75 metros de frente e 17,35 metros de fundo. 


Foi pela primeira vez em Ibo, ilha de um fascínio relutante. A despeito de tudo o que menos gostamos nela e que é produto da nossa incúria, da nossa incapacidade de cuidar dela. Da nossa displicência individual e colectiva. Ibo é, inequivocamente, bela. A sua paisagem exuberante, o seu esplendor quotidiano. A indisputável afabilidade das suas gentes, oriundas por vezes de outras geografias, mas habitantes assertivas do Ibo. 


A Ilha do Ibo é, definitivamente, lombadas de livros por abrir. Surpreende em tudo. É histórica e vale apenas conhecê-la. O acesso para a ilha é feito por mar ou avião. O meio mais utilizado de transporte para os habitantes da ilha ainda é a canoa tradicional com velas.


Sobre a Ilha do Ibo, muitos que nos antecederam no ofício escreveram, cantaram-na, alguns glorificaram-na. A ilha concita muitos elogios, mas, também, tem muitos desafios. Uma delas: reclama reabilitação e isso é urgente.



"COM A FRELIMO E NYUSI UNIDOS, MOÇAMBIQUE AVANÇA"

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